Aqui do alto do cruzeiro, onde o vento faz a curva pra voltar com mais coragem
Vejo o sol tocando a ponta, do pára-raio da cruz
Elimina a ofensa do atrito, atravanca o portão da ventania
Faça a caixa do mar ficar vazia, bota um teto no vão do infinito
Para dar o pão pra os filhos que chegam magros da guerra
O mensageiro do sonho, nesse terreno que treme
Da magra mão estendida, da paixão que grita e geme
Das curvas do firmamento, da claridade da lua
Solidão do mundo novo, a batucada da rua
O espetáculo não pode parar!
Quando a dor se aproxima, fazendo eu perder a calma
Passo uma esponja de rima, nos ferimentos d'alma
O espetáculo não pode parar
Há certas coisas no mundo, que eu olho e fico surpreso
Uma nuvem carregada, se sustentar com o peso
E dentro de um bolo d'água, saiu um corisco aceso